Com a pandemia do novo coronavírus Covid-19, o mundo vive uma crise globalizada que atinge as mais diversas economias em todos os continentes. Muitos serviços estão paralisados e diferentes setores precisaram suspender ou reduzir drasticamente suas atividades. Entretanto, alguns negócios são estratégicos para evitar um colapso geral, bem como ajudar a manter em atividade serviços essenciais. É justamente o caso da logística.
Responsável por integrar diversas cadeias de abastecimento, a logística é peça fundamental e vem enfrentando realidades extremas em meio à crise. De um lado, existe a redução no volume de demanda em alguns setores (como automotivo e de eletrônicos), devido à falta de matéria prima importada – especialmente de itens provenientes da China. Já por outro lado, uma alta demanda em segmentos específicos (como alimentício e de medicamentos) tem provocado aumento no volume de operações.
Impacto no setor de Transportes
A atividade de transporte de cargas corresponde a cerca de 65% de tudo o que circula no país e tem influência no abastecimento de cidades e na circulação de tudo o que é produzido. Em nota oficial, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) comunicou que, num momento de crise como este, o transporte rodoviário de cargas se torna ainda mais importante. A associação realizou também uma pesquisa com quase 600 transportadoras que registrou uma queda de 26% no volume de cargas transportadas por caminhões nos dias 23 e 24 de março, se comparado com o movimento normal antes das medidas contra o coronavírus que determinaram o fechamento de várias empresas e serviços não essenciais.
Mas nem tudo é queda. O Brasil é o maior exportador global de soja e está transportando uma safra recorde para os portos, especialmente para a China, que precisará repor seus estoques enquanto sua atividade industrial é retomada após a crise do coronavírus.
A Associação ressalta ainda que o transporte rodoviário de cargas é atividade estratégica e fundamental para o funcionamento da economia e o abastecimento da sociedade, inclusive, como agente intermediário com os demais modais.
“Operadores logísticos precisam dar continuidade a suas atividades, adaptando tudo que puderem para tornar a operação ainda mais segura e responsável. Quem trabalha com logística sabe que não é permitido parar, sob o risco de provocar um desabastecimento grave num momento já tão crítico, especialmente nos setores de alimentos e medicamentos. Devemos continuar operando da melhor maneira possível”, afirma o diretor de operações da Logic, Francisco Snoeck.
Ajustes na rotina
Para manter as operações em funcionamento e prezar pela segurança de funcionários, parceiros, fornecedores e clientes, muitos operadores logísticos precisaram fazer mudanças em suas formas de trabalho. “Mexemos em toda nossa operação, desde parte de nossa equipe administrativa – que passou a trabalhar em esquema de home office – ao pessoal operacional, que foi treinado e devidamente equipado com EPI’s para prevenção da doença. Também fizemos ajustes em nossa infraestrutura e na quantidade de equipes em operação para evitar que as pessoas fiquem muito próximas”, explica o diretor comercial da Logic, Daniel Muricy.
Esta crise deixou ainda mais evidente a importância de tecnologias que facilitem a execução de atividades de trabalho. A integração de sistemas online que permitiram, por exemplo, a adoção do esquema home office por muitos funcionários. “Se não tivéssemos nossas operações mapeadas e controladas por sistemas online, isso não seria possível. É justamente por apostarmos na tecnologia em nossas operações que pudemos adaptar rotinas – com parte de nossa equipe trabalhando de casa, por exemplo – sem perda de qualidade nas operações”, ressalta Francisco.
Novas oportunidades
Passada a crise, muitas empresas certamente irão reformular seu negócio com foco na digitalização de processos. O aumento do consumo online provocado em tempos de isolamento social deverá fortalecer ainda mais o varejo digital e isso também trará reflexos no setor logístico.
As empresas que compreenderem os desafios atuais e conseguirem enxergar as tendências que virão após a tempestade, certamente terão novas oportunidades de negócio. “Acreditamos que os desafios impostos pelo Covid-19 farão com que as empresas inovem e ganhem eficiência em seus processos logísticos. É preciso pensar fora da caixa, reinventar-se para manter-se ativo no mercado, tanto durante quanto após a crise”, conclui Daniel.