abr 19

Com a transformação digital que marca os processos – dos mais variados segmentos – nos últimos anos, é comum deparar-se com uma visão de mercado em que o digital irá substituir as operações presenciais. No caso da logística, isso fica mais evidente em um cenário: a expansão do e-commerce em relação ao varejo presencial.

Com o impacto causado pela pandemia de Covid-19, a alta do e-commerce – o relatório da Mastercard SpendingPulse apontou um crescimento de 75% em 2020, comparado ao ano anterior – poderia ser vista como uma ameaça ao varejo tradicional. No entanto, para algumas empresas, o que se viu foi uma adequação de estratégia que aponta uma nova tendência de mercado, principalmente quando se fala em gestão de estoques.

Segundo o especialista Bruno Faria Honório, muitos foram pegos de surpresa, mas algumas empresas tiveram uma grande velocidade para se adequarem. “[Algumas companhias] investiram em novos formatos intralogísticos, tecnologia de ponta, diversificação de fornecedores e parceiros e, ainda, repensaram o modo de gestão dos estoques.”

“Os mais pessimistas previram que acabariam todas – em uma clara alusão ao modelo 100% digital. Entretanto, o que vimos foi justamente o contrário. Pressionados a atenderem uma crescente onda de e-commerce, os varejistas viram da noite para o dia a possibilidade de transformarem lojas fechadas em dark stores, micro fulfillment centers urbanos – na verdade, pontos de uma rede de distribuição omnichannel. Estoques que estavam parados passaram a ser vendidos, o que possibilitou entrega mais rápida para o cliente.” – Bruno Faria Honório, sócio fundador da Delage.

Honório citou algumas medidas que precisam estar no radar das empresas quando se trata de gestão de estoques. Uma delas é a identificação dos itens de massa crítica. “Aumento do estoque e produtos-chave: não só de itens comercializáveis, mas também itens essenciais à própria operação (produtos de limpeza e saneamento; equipamentos de proteção pessoal, tais como máscaras e luvas; principais peças de reposição e produtos de manutenção; e demais itens usados apenas em pequenas quantidades, mas que são cruciais para as operações)”, pontuou.

A gestão de estoques também precisa ser pautada no modelo de múltiplos cenários, uma vez que muitas indústrias, como processadores e distribuidores de alimentos, não puderam mais confiar em dados passados para prever o futuro.

“Pensando nos dados do primeiro trimestre do ano passado para todos os segmentos de consumo em geral, provavelmente nada terá sido útil, uma vez que a indústria viu compras em pânico, fechamento repentino de fábricas e nenhum negócio de serviço de alimentos para falar. Olhando para o futuro, todos viram a importância de planejar e prever múltiplos cenários – otimista, intermediário e crise. Ou seja, os negócios que considerarem uma gama mais ampla de possibilidades estarão mais bem posicionados.” – Bruno Faria Honório, sócio fundador da Delage.

Fonte: Revista Mundo Logística